quinta-feira, 5 de agosto de 2010

L'hypothèse de porcs et de papillons (Da assumpção de porcos e borboletas)


Quem disse que o ódio não pode excitar está muito enganado. Não sabe decerto ainda nada sobre a vida, sobre os mecanismos que o homem em sua natureza animal, encontra para submergir ou transformar o que ele sente. Correção, não acho que eu deva comparar esta capacidade do homem com a dos bichos. E nisto em hipótese alguma posso colocar os meus irmãos animais em condição inferior. São poucos os seres humanos que têm desenvolvida, esta capacidade real de se assemelharem aos bichos tão genuínos e livrados da maldição do conceito. O bicho odeia com a mesma força que deseja e penetra corpo adentro dos outros animais, para falar a verdade o bicho nem odeia, ele apenas se defende, ele trepa como come, se enfia com esta mesma entrega espetacularmente linda, porque nos homens esta inclinação ou vontade seria chamada de ganância, desespero, desarvoro e desequilíbrio, porque o homem se desequilibra quando na sua sempre forjada condição, sempre ingrata e pretensiosa necessidade de sempre parecer e ser aplaudido, procura aí se medir e se “equilibrar”,vaidade, burrice e desterro. O destempero arrogante de quem sempre tem uma palavra para conceituar e prender tudo que deveria ser espontâneo, em showzinho barato e enfadonhamente repetitivo, desnatural. Vão dizer logo, logo, “esta porra deste homem é louco! O que este descompensado está querendo dizer? Que o homem deveria voltar a barbárie e que a sensatez e a razão nos tornam desinteressantes? Aposto que é mais um bestial!”
E antes que isso perturbe a cabeça relativamente enquadrada dos que me lêem nesta hora, eu vou logo dizer__ não senhores, não senhoras, não! Eu nunca comi o cu dos meus cachorros, nem muito menos os meti dentro de mim, porque sei que o pau do cachorro incha, logo na hora em que ele trabalha no espetáculo da sua penetração e outros bichos nem me atraem tanto para esta função, talvez eu, eu comesse ou desse o cu para um leopardo, ou me enroscasse numa serpente bem grossa, uma pítons, uma jibóia de circo, um leão... um leão não, não sei porque os leões não me atraem! Prefiro os leopardos como já disse e da aves,...ahmm talvez somente a visão sem nenhum toque de uma águia albina, parada, somente me olhando, encarando firme nos meus olhos, como um alemão gay disfarçado de soldado no meio dos infelizes e tortos de Hitler, uma águia albina firme, tensa e aficionada em seu olhar para mim, como um alemão gay, desobediente, trajando apenas um imenso cachecol púrpura de três voltas no pescoço quase torturado, com suas duas bilhas azuis impetradas e sufocantes de desejo férreo, sazonando sobre mim, esta águia nunca pura, traçada com mil sangues, olhando firme para mim enquanto eu me masturbasse trêmulo, patético, enfermiço, humano e resfolegante sob esta presença armada e amada nos meus recônditos mais incompreensíveis e menos julgados, menos julgadores, menos doloridos desta infâmia, que é não se permitir existir todo por fora, porque antes e pior não se deixando existir por dentro. ...
Me perdoe, senhora, me desculpe senhor, me entendam crianças que certamente me encontram na leitura escondida, apenas parece que hoje estou cansado e sem paciência para todo aspecto de negação ou covardia humana nos seus mais ínfimos e perdulários princípios. Hoje eu amararia a Amazônia, a Patagônia , os bichos ferozes e peçonhentos da África inteira, respeitaria e comungaria com todas as selvas, com todos os bichos e de algum modo nessa contemplação me faria feliz, muito mais feliz do que na espera de mim mesmo e mais ainda dos infelizes dos homens, dos outros.
E certamente me dirá a mocinha, mas que “coitado”, deve estar triste, frustrado é que deve estar. Parece desiludido!” eu gargalho ainda complacente e adorando esta nossa boa e quase toda honesta conversa, se ainda não fosse entre nós algum mau rubor de decência e de medo. Eu gargalho e digo, não senhora dona mocinha, não é fato de desilusão estruturada, ontem mesmo eu comi quatro rapazes e uma mocinha amiga deles, uma estudante de moda que ainda não sabe que gosta mesmo é de lamber bocetas, porque eu fiz questão de rebolar em cima dela para que ela ficasse ainda mais confusa, não que eu tenha crueldade nesta intenção, só senti vontade de ser a fêmea deste projeto de mulher, mesmo sempre sem deixar de ser o macho, para mostrar que eu posso tudo e que ainda terminaria cheiroso e a convidaria para tomar um café com chantili e biscoitinhos! Portanto mocinha, não é decepção direcionada, eu fiquei muito leve depois e até ouvi uma missa linda de Vivaldi, me senti tão leve que até quis dormir sem jantar. Eu comi cinco pessoas “felizinhas” a tarde, em apenas duas horas e ainda me banhei de Vivaldi para melhor me preencher. É bem verdade mocinha, que a soma das cinco pessoas, não dava nem de brincadeira você, não dava o teu sofisma arrogante, a tua infelicidade tão honesta, vacilante, não dava nem de perto teus sofismas, teus rompantes me indagando porque eu pareço tão desgarrado, perdiz! ... me responde uma coisa mocinha, me tira apenas uma dúvida, mata minha curiosidade de relance agora, me diz! Alguma prima já te lambeu as pernas nos eitos da chácara nas brincadeiras de marido? Alguma freira boa no colégio confessou você debaixo do banho enquanto, lavava suas nádegas gordinhas, calipígias? Não, porque gente encantadoramente limpa de pecados como você, pode tudo, tudo, só não pode romper a pelinha debaixo do ventre, a xoxotinha, o glorioso selo de garantia de purificação e respeito a Deus, como se Deus se ocupasse de ficar pesando três gramas de pelinha entre as pernas, enquanto barras de concreto e de chumbo, pesam e entopem o sentimento dessas tôlas, poluem de torpezas e feridas o poço escuro e desconhecido dessas gentes, o coração.
Calma! Não quis te ofender, apenas usei de mais sinceridades que as tuas, mas fique tranqüila porque eu não sou de missões que não comecem primeiro em mim e depois, hoje eu estou egoísta demais para me preocupar com você. Mas se você quiser, posso dormir contigo, nós só não iremos chorar juntos, porque enquanto você goza e sofre, eu provavelmente estarei ruminando orações, agradecendo a Deus pelo meu corpo no teu corpo, pedindo a ele compreensão para te comer melhor da próxima vez! Para eu crescer mais contigo e ser melhor contigo, que os outros homens que eu considere tão medíocres.
Menina, quando eu hoje quis falar do ódio, do quanto ele excita, era pra dizer que em mim ele não é nada, que não dura muito tempo não. Porque eu sou do tipo que não pode ver uma crispa de estrelas nos olhos de quem for, que eu viro logo sol, eu viro logo lua, eu viro logo rua para “passeação”. E se eu amo os bichos, deve ser porque eu sempre tive tesão em São Francisco, sempre amei a vulnerabilidade de macho dele, o silêncio que ele fazia quando gritava nas festas, e a ensurdecedora gritaria de sua mais silenciosa e muda ação. Ele fazia doer os ouvidos de quem o visse passar esfarrapado e fedido pelas ruas, apenas por ser tão corajoso, apenas por existir, como a plena atenção dos animais. Ele cuidava da digna assunção dos porcos e das borboletas. Ele sabia das carnes somente a pureza dos pêlos e da pele aqui na terra, era só o que mais o contornava, de bênçãos puras toda esta assunção e os metros e metros e quilômetros e quilômetros e léguas e léguas de espírito iluminado! Porque nunca forjado, porque nunca separado em hierarquia para os bichos. Lembro, quando o soube de quatro patas conversando mansamente com o lobo de “Gúbio”, que assombrava um vilarejo. Ali, me vi assim como em alma para ele e aos dezessete anos quase me tornei franciscano, mas os franciscanos morreram com Francisco, então espero por ele numa visita ao inferno n’ onde por sugestão católica, certamente viverei após a vida. Quando ele chegar, quero estar despido e sei que ele terá em sua fronte uma máscara de cão, dos mais pestilentos e leprosos, mas um cão que sorri apesar de toda a ferida que o carcome e, portanto neste ímpeto de mistério e comiseração, redenção, orgasmo e renúncia ao corpo pressuposto, eu, cujo nome a ti não revelarei, me deixarei levar para as matas mais intranqüilas, as que ele quiser me levar. Não terei mãe, nem pai, não terei nome, nem paz, apenas fúria e plena atenção e participarei com ele da alma, manta vaporosa, majestosa de todos os bichos, essa que faz a natureza do deus que ele adora e eu também.

O pornógrafo