domingo, 8 de maio de 2011

La demande des trous ou des pédérastes Dos avenir




__O que você aprendeu não é sexo, é estupidez! Não começa nessas profundezas, nessas tarântulas sem veneno que são as tuas mãos! Isso, não é sexo, é estupidez, pura estupidez e necessidade sem noção, sem bom senso, sem tamanho apenas para tentar se definir!
Dito isto e me levantei de uma só vez da cama. Fiz silencio acendendo uma vela azul, que chegara com um móvel velho de decoração, desde 1930,35 e eu nunca a havia acendido, porque para mim não existia razão, não existia fé, nem suplício que desgovernasse a sagração da dobra dos meus joelhos, muitas vezes estourados, nos carpetes e chãos ásperos, duros, sujos, carpetes sem doçuras do felpudo, contrabandeados, baratos, de lugares mais baratos ainda_ Você pode imaginar de que lugares eu estou falando! Ah pode! Quero gargalhar, posso?...
Pois então, acendi a vela azul diante de um Cristo albino, menos estúpido e nu, todo vestido de um branco, sem “couleur” alguma, para apenas solapar naquela criatura tão “zinha”, niña, alguma espécie de silêncio, de introspectiva reflexão. E, para não confundi-lo, porque não me bastaria apenas falar de coisas simples e claras, retirei detrás do imenso Buda, que resguardava as fotos de “pinups” e putas de minha mãe, uma garrafa carregada de um velho whisky_ mais velho que a minha avó já morta.

__Bebe! Mas não bebe tudo porque no fim de nossa conversa, sempre haverá o risco de querermos mais um gole!
Só então ele me disse:
__Nós vamos conversar?
__Nós vamos começar de novo e sem nenhuma pressa e você vai me dizer se quer que seja assim, tão desprezível, sem nenhum sentir. Então bebe este malte rasgado! Esgarçando-se a si e a própria alma e a própria garganta em pedaços, mamando num só regalo, para depois, me dizer como se fora no começo, qual é o seu nome. Qual é mesmo o seu nome?
__Patrick...
E ficou quieto, vendo-se que não tinha costume de tanto amargor e azedume na própria boca.
__Patrick?_apenas fitei mais fundo_ E com um nome tão lindo, tão feminino, tão mocinha desses! Inventou na sua cabeça de que porque eu tenha aberto ás minhas portas de casa para ti, abriria também assim, de uma só vez também, aos meus buracos, minha garganta, minha goela, meus orifícios, só porque precisa provar a si mesmo e à mãe e ao pai, super intendente da marinha, que és macho?! E que não te virarás em pederasta num amanhã sombrio?!... E o que tu sabes da vida rapaz? O quê? Sua bichinha medrosa! Atormentada e aturdida pelo sucesso, pelo bem suceder! E em algum momento, enquanto tomávamos laranjada no café “ La Douce” eu te disse ou deixei brecha do-quê eu especificamente quereria de ti? Ahm?! Diga-me!_Nem suspirei._ Olha menino, se eu fosse uma mulher, sabia que eu tinha te matado esta noite? Poderia ter assassinado você com uma facada no meio do peito ou te serviria outro copo de laranjada, com uma fatia bem gorda de torta de ricota com cobertura de limão e soda cáustica, para você morrer bem devagar! Ou talvez te desse um prato de cereais, já que você tem esta cara indecisa de criança, com mil bolinhas de chumbinho no meio, misturados no meio do leite, para que você implodisse e saísse gritando só de calçolas, no meio da avenida principal, pra que todo mundo soubesse que tu havias comido a uma puta, mas que ela havia comido você de uma só vez, justamente por tratá-la feito a um buraco e nada mais! Porque nem aos buracos eu duvido que tu tenhas coragem de tratar tão mal assim!
E retrucou nervoso.
__Mas eu o tratei tão mal assim?_ eu não quis responder_ E tem algo de venenoso aqui nessa bebida?
Aí sim, explodi do silêncio e quis dizer:
__Primeiro recapitule, eu disse que “se eu fosse mulher”e eu sou homem, olhe bem, você viu e sentiu o meu pau e parece que gostou tanto dele que está nervoso agora, trêmulo, porque ele representa de tal modo, sim! A tua morte e quem sabe o teu renascimento e depois, a tua sorte é que não sou destas fúrias, as que não recrimino, quando são delegadas à maravilha da diferença e você entendeu não é, que estou falando das putas, das meretrizes que com quem certeza você nunca conseguiu sequer uma ereção vacilante, bem contrária a latejante como esta a que te domina agora! Responda!
Era para que ele sentisse bem a noção do que era, que eu queria ser cruel aquela noite, mas eu sou cruel, a vida é cruel, e crueldade não é pecado! Aviso logo aos puritanos que me escutam nesta hora falando de soslaio para que eu não possa ouvir, eu ouço tudo! Tenho ouvido muito bom!

Era preciso fazer silêncio e eu fiz silêncio de algumas poucas horas, enquanto a vela queimava azul, boreal, esperando atitude dele.
__Peço perdão então! Mas não era esta intenção... e o senhor não está errado!
__Senhor não, sou igual, temos quase a mesma idade, treze anos de diferença e quem sabe, você será um pai de família infeliz e remoçado, assim, jovem, como eu também sou! Mas tenho a pele boa, não gosto do sol em excesso e muito menos de torturas emocionais como as tuas, como as que te consomem! Você é bonito, muito bonito e com certeza não conhece carinho, que não seja apenas pelos teus cães, pelas tuas colchas de retalho feitas pela sua avó, por sua empregada velha que lhe leva o leite pela manhazinha à cama, mas é velha demais para que você pudesse pensar em meter! Ela seria com certeza a sua mãe, a que você não teve, e que está mais ocupada em destrinchar colares de pérolas, colhidas do útero de ostras ancestrais, arrancadas por contrabandistas, piratas insolentes e solenes aos quais, tu, reverencias nas tuas desocupadas penetrações de poucos dedos ao próprio cu, nos banheiros dos empregados, perto do celeiro!
__você é doutor psiquiatra?
__Deus me livre desses monstros! Eu não sou nada disso! Sou apenas um sonhador, um menos lamentoso que tu, tão jovem e já tão atormentado. E não estou aqui para te ferir, porque se tivesse, com certeza, tu já terias corrido daqui, creias! Tenha certeza! ... Por quê? Acertei alguma coisa?
Ele revirou os olhos como as atrizes da cinemateca alemã.
__Sim, o senhor, desculpe, você disse tudo o que acontece comigo!
Eu ri, não gargalhei porque seria crueldade demais e eu respeitava a vela que queimava, nem um terço ainda, da minha baba desmantelada e quente de devoção, exercício e parafina.
__É, mas foi apenas sorte! Minha mãe me dizia que eu era sensitivo, cigano, mas na verdade eu não passo de um bom observador e você, meu caro cordeiro assustado, você infelizmente ainda é muito previsível! Mas não se atormente com isso! Tente esquecer tudo isso que eu te disse e me diga, você quer começar tudo de novo? Quer recomeçar?... Ah! mais primeiro quero te fazer uma perguntar salutar, somente a título de proteção e prevenção de problemas para nós dois no futuro, futuro, digo de daqui há pouco!
E porque não era de todo “burrinho”, eu jamais perderia o meu tempo senão houvesse lama para lírio naquela alma, algo de orgulho lho ergueu de leve o queixo em desafio (fazendo questão de organizar bem a frase, incisivo).
__Pode fazer! Faça-a, por favor!
__Você sabe que é um homem? E que está na cama de outro homem? E que esse homem, provavelmente não é o seu pai?
Ele esnobou e sorriu, porque já estava tranqüilo das possibilidades de que eu não fosse um psiquiatra.
Sim!_e tornou a rir, agora ele gargalhava de nervoso._ Sabia, que às vezes você me parece muito engraçado?...
E eu senti uma leve vontade de mandá-lo tomar no cú, mas relevei constante para não estragar meu catecismo.

__Melhor! Melhor assim! Então primeiro ria comigo e dê mais um trago de whisk sem nenhuma piedade. E depois, ligue para a sua mãe e minta para ela, diga que você vai dormir na casa de um de um “amigo” do instituto escolar e amanhã, não pode passar de amanhã! durma de verdade, na casa de um amigo seu da escola e peça para ele te foder com carinho a noite inteira! Está certo?.... Agora olhe bem dentro dos meus olhos, me chame pelo nome bem devagar, quase soletradamente, me pegue pelas mãos e me peça um beijo! Eu te darei o beijo e você... me dará somente aquilo que quiser. E riremos sem pressa de nada, depois comeremos biscoitos com chocolate quente, eu te prometo colocar boas doses de conhaque na tua xícara e quando amanhecer, você tome o seu rumo e só volte aqui, depois de três anos, depois que tiver descoberto por inteiro, o que quer ser e o que quer que seja tu ainda serás sempre um homem. Você poderá até se travestir, me aparecer à porta vestido como a tua mãe, mas volte sabendo que para ser tudo, até mesmo violento, rústico, sagaz, poderoso, qualquer coisa! é preciso ser carinho. Combinados?
O menino estava seduzido, primeiro virou para o telefone pousado ao lado do criado mudo, fez exatamente e sem dor o que eu o havia pedido e depois como num ritual, passo a passo apenas me interrompendo para pedir que não apagasse a vela, porque era “bom olhar para o Cristo albino” e azul, era a sua cor predileta.


O pornógrafo