sábado, 30 de abril de 2011

Du haut de ma faim invariable




Do alto da minha mais invariável fome, do meu mais híbrido e colérico desejo, despertei. Posso dizer, que sou capaz de simular confusão, ainda que naturalmente, sem ter intenção de, a quem quer que me veja pairado, sofismando silêncios tão profundos que seja capaz de supor nesta ou naquela hora, tristeza. Fica de mim um calado gesto, erguendo-se tão lentamente feito a pólvora doce e crispada de uma translúcida transparência, o monte de areias flutuando por vontade própria como mágica silenciosa, ilusionista ao vento, assim, tão quieto eu serei capaz de confundir. Calando meus mais íntimos pensamentos, ainda que pouco submerso pelo peso “arregado” do sono, as pálpebras pesadas e cansadas serão capazes de traduzir quem sabe, uma boa noite ou boa e digna parte do dia dormido, mas em momento algum, aquele que não for esperto e não tiver a intima perfuração dos meus entanhos, dos meus segredos e mui dimensionados brinquedos, jamais, jamais, jamais saberá que como uma serpente o desejo sempre nadará dentro de mim. Silente e contínua, sem sequer fazer ruído, sem dizer palavra alguma chiada, eu seria capaz de ser dado como morto e ter o pau duro levantado, a lança que adversa a superfície virá muito mais dos resultados de dentro.(poupem-me as teorias primeiras da bexiga cheia de sangue, da vaso dilatação, dos hormônios e feromônios,das ciências resguardadas do medo.) O que eu busco agora dizer, participa e antecede muito mais a carne porque o que a habita em mim, é matéria do universo e todo feito de espírito. Vontade, celebrada e celerada pela indiscutível e primeira assunção do que é ser. E, do alto da minha invariável fome, eu que tenho comido tão pouco, que já comi de pratos e vegetações tão diversas, de carnes tão brancas, outrora vermelhas, duras ou macias, eu, apenas te quero dizer, que se me quiseres suplantado desse mundo, reencarnado nestas carnes que estou, ainda assim, não será nada difícil me encontrar na mera e simplória suposição de que a maior compreensão do meu “fetiche”, tenha sua nascedoura concepção no feitiço.? E feito isso, aí sim, poderás compreender que a minha doce e sacro-santa putaria, começa mesmo é no silêncio, para quem sabe, eu disse, quem sabe, quem sabe gritar palavra que advenha da necessidade real do corpo de fonar, de soar, de grunhir, ou palavrear na hora doce e rústica de minha foda.



Resposta aos teus tapumes e escoras para re_ dignar o nosso sexo.


O pornógrafo

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Le couloir de Brides toile noire




“Nada te perturbe
Nada te espante
Tudo passa,
Só Deus não muda.
A paciência
Tudo alcança
Quem tem a Deus,
Nada lhe falta.
Só Deus basta.”

Santa Teresa de Ávila

....

No chão da palavra doce, até a amargura parece mais fácil de engolir! E então, quem sabe, tem sido por isso que em dias de lua cheia, luz cheia e alumbrada sobre o meu quarto, eu tenha mesmo é vontade de me segregar ao meu próprio silêncio, buscando em mim nos varais da sacristia, a minha inocência, num tempo em que o cheiro de incenso e de mirra me lembravam apenas a presença doce de Jesus.
Era de uma lamentosa e pestilenta poesia, que o latim das missas rezadas por ele me chegavam. Não, eu não vou falar de nenhum caso repetitivo de incesto ou de moléstia sexual causada por um padre. Não vou, porque não tenho paciência para estas historietas, não vou porque não sou dado a estes escândalos que já baratearam no mercado, desde os tempos mais férteis, no quando era fácil acreditar que verdadeiras promoções trariam lambretas de presente nos pacotes coloridos, de biscoito fino. Nada era fino, tudo é pura gordura, hidrogenada!Tudo era sofisma, tudo era pão com miolo e bico de bisnaga grande! Tudo era grande demais para o meu corpo nunca adestrado, pequenino. Tudo era menino, tudo era eu correndo escondido para ver se as estátuas dos santos também tinham pau como eu tinha, tentando enxergar por debaixo dos panos das santas_ como eu perturbava Nossa Senhora das dores _ sempre querendo saber se os escultores tiveram cuidado de colocar calçolas nas suas obras santas de medo e de arte. Sim, porque me causavam um misto de medo pavoroso e letargia ignorante, ficar prostrado no meio daquela falácia incompreendida, esperando apenas que a fumaça vinda junto com os turíbulos me adentrassem pelas narinas, minhas primeiras drogas, tão boas! Vertiginosas! Me entorpecessem enquanto eu lançasse a cabeça bem atrás do pescoço, como uma porta arregaçando os limites das dobradiças, enquanto a retina se expandia tomando conta do amarelo inteiro do olho, encantado com o ouro do ostensório. E nisto, senhores, somente porque me lembrava com saudade o sol das minhas muitas manhãs no terreiro de casa, porque era droga boa, eu já disse! Porque me causava vertigem o linho grosso da batina desses padres mais moços passando por mim, roçando minhas pernas de meinhas, pouco coloridas! Na hora em que passantes, todos eles, eram noivas salvaguardadas no preto do recolhimento, no asseio e na segurança da espinha, dorsal, quando viravam de bruços de madrugada, para mostrar a bunda à lua e aos gostos-línguas, sabores da boca dos meninos, beijos gregos, na igreja católica apostólica romana.
Eu gostava das romãs que se despedaçavam quando caídas no quintal dos passeios da meia hora da tarde, quando o sol batia o pino de quinze pontos e nós podíamos brincar! E eu, odiava brincar, daquelas brincadeiras ridículas, rolando aquelas bolas ridículas, como idiotas levantando poeira para abençoar a visão bolinada dos padres, seus primeiros tufos de pêlos e testosterona, era com os padres, como menino “bom”, afeito pela desculpa de pseudo febres reumáticas, que eu também bolinava a visão encantada da mistura dos meninos e padres, tudo num balão feito na boca, prestando cuidado para não gemer enquanto olhava e cheirava os sovacos suados dos nossos guardadores, punheteiros de plantão desejando os meninos, assim como eu também os desejava!

Meu Deus, mas que pequeno capeta, era este pornógrafo! Digam todos agora, terão somente esta vez e direito, dados por mim de me então julgarem, para que eu continue a minha narrativa e o meu passar!

E tudo passa rápido, creiam! A lua está enchendo, meu saco está enchendo, minha mão está sozinha, solitária e despencada sobre o chenille pobre de flores, cafona, de rosas grandes bordadas da minha cama e eu estou aqui, teso pela lua cheia! Incomunicável! Intragável e apenas escondido, decidindo se saio à rua a procura de algo que não me cause vômitos no final ou se ligo a rádio vitrola e acredito nas babaquices que Kurt weill decide cantar para que as putas sejam melhores comidas.
Mas insisto em voltar ao dia, em que por puro abuso, decidi apertar de uma só vez, quase num solavanco, o monte sempre estendido da batina do padre mais jovem e mais lindo do meu reformatório! Meti de uma só vez a mão como que se eu quisesse puxar pra saber se existia algo ali, era claro que eu sabia que existia algo ali! Eu não era menino idiota! Tinha livros e mais livros de anatomia guardados na biblioteca da casa do pai, tinha até um baralho de homens fodendo mulheres abertas e sorridentes, estranho! Que era de um parente estranho "__Meu Deus como isso foi parar na sua mão?" _ era o que a mãe sempre dizia sorrindo enquanto eu gargalhava e dizia que não sabia como, “ que tinha aparecido de repente ali! Como mágica!” e eu só ria, ria, ria, gargalhava virando pra trás imitando as posições das putas e dos homens, enquanto tomava pancadas até correr escorregando pelas paredes da casa e chegar ao poleiro das galinhas e lá! Sozinho, tocar com a mesma violência o meu sexo ainda incorfomado, e eu preciso rir quando digo isso, porque eu instintivamente solapava o meu pau de criança que já tinha estrutura, que já tinha a promessa bem talhada de ser, sem conseguir nada, nem uma gota que fosse, resultante da úmida esfrega misturada com o cuspe da minha boca de dentes de leite.
O padre se assustou! Me lançou tão longe que bati com as costas na parede! Mas como tudo em minha vida, dispensa palavras em excesso, por conta do olho nu de litros de sol que tenho, o desgraçado, engraçando sorrisos apenas disse: __ Não é assim que se aperta, tem que se ter cuidado, porque é carne macia. E se não cuidar, tu que ainda não sabes medir a força que tens, podes machucar!__e de surpresa, inoceeente! Pegou da mesma forma no meu pau e disse: __ Viste como dói?... é deste modo violento, que tu gostas de ser tocado?
Eu permaneci em calado, fingindo susto e meu pau subitamente engrossava, eu não era tão menino, era raquítico, mas já tinha doze ou quem sabe treze anos para os que me queiram dar denúncia de pedofilia a esta altura da leitura! Mas permaneci calado enquanto ali, no corredor de Santa Thereza D’Avila ele tentava me confundir. E eu era esperto e já tinha medido tudo, menos o tamanho do meu pau junto do pau dele, para saber como promessa de relicário e benzedura, se o meu pau, quando eu crescesse seria maior do que o daquele padre lindo, miserável, sem nenhuma vocação para o sacerdócio! __Não doeu? Ahm? Responde menino!
E por fim como eu queria mais, e não tinha tempo para aquela bosta de liturgia barata que ele nem mesmo sabia usar, sugeri caminhando para a cela dele, que ele me mostrasse a vista do edifício para a rua. Entrei, antes que ele mesmo tivesse tempo de abrir assustado a porta, retirei os sapatos para não sujar a cama de lençol esticadinho, sem nem flores, nem chenilles, muito mais barato que o meu, dado o “supostíssimo” voto de pobreza da ordem deles; e da janelinha de grades, olhei respiradouro de um pulmão inteiro, aos outros pequeninos que ficavam lá em baixo, andando nas ruas, querendo fazer suas coisas valerem algo em tempo de ganância e de bravura bem “alfaiteada” de covardia. E somente quando me cansei, porque sempre vivi no meu tempo para entender o dos outros, isso era dom desde criança, me virei lentamente para ele e disse: __Mostra para mim como é o teu, porque eu preciso ver como ficará o meu quando eu for gigante!
Ele sorriu e disse: __ Então você vai ser gigante? _ eu nem retruquei, abusado santo e decidido, descontando nas próximas ações de palavras: __Vou ser sim senhor, quer ver?_ e abri os botões do meu calçãozinho de colégio, passo a passo, até que revelei com a mesma doçura e santidade dos corredores das vertigens e das noivas negras que eles eram, a maravilha ainda pouco abençoada do meu sexo rijo, “ una verga mui hermosa”_ o encantado era espanhol!_ grande e promissora para o corpo, o peso e altura que eu tinha. E quando digo, que tudo é instinto, assim como a lua crescendo que sinto, foi também por impulso e todo nascido da natureza, que completei o meu rito: __ O Senhor gostaria de colocar na boca?
Furioso ele responde: __Á boca e não “na” boca, parece que não estuda o português!_ E sem dizer mais nada, porque os senhores agora suporão das idéias da boca ocupada, do degusto, da baba, das esguelhadas da língua rosada e ressentida ainda das hóstias da manhã, eu recebi a minha primeira chupada.

O meu pau está à mão agora e com a lua me invadindo, enevoando e ressurgindo, quem sabe! pela presença de matérias tão mais sutis dele, do padre, que já pode ter morrido um dia, mas quem sabe, vivo, aqui, ao meu lado, me chupando de novo como nunca, na bravura meta-física da “imaginação”.

O pornógrafo

Petite enfance mésaventures douce




Fumei uma cocada branca, comi um cigarro, inventei que era um anjo e fui dormir.


O pornógrafo

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cigarettes du prophète __ Dédié à tous les enfants intelligents





Foi tomado por uma fúria de séculos, que fumei três cigarros até o revés dos meus colhões. Completamente detido e solto por uma ventanosa e estonteante usura, me deixei levar pelas palavras de uma força estranha, que não palavreava, mas entoava sonidos e certeiras vontades dentro de mim, como se meu corpo, fosse inteiriça e forrada caverna de lodos, que corri pelas ruas até chegar ao quarto alcova de minha solene e seletiva visitada casa. Passei ainda furioso por este senhor tão bom e decisivo no espelho, que eu era mesmo, até receber de uma só vez, pelos lóbulos ainda pouco quentes dos ouvidos, o barulho dos sinos que ressoavam qual “mantrinhas” budistas ao pé das cavidades profundas da minha perceptiva e austera carcaça de couro bom e de olhos amarelos, o meu corpo inteiro tinha decisão e abstido da necessidade de saber, apenas sentia, ascencionava missões que eram somente minhas. Fui com meus passos decisivos ainda forrados pelo cuidado dos sapatos, que ainda me guardavam a nudez dos pés, dos perfumes e lumes guardados entre os dedos, entre as minhas cavalgaduras, das minhas plantas selvagens de pisar o mundo, que cheguei até o meu destino.
Atendi a porta no meu tempo, muito consciente de que ao seu tempo, quem me procurava também me buscara em seu próprio tempo, porque só há mesura no encontro de dois ou de três ou de mais, não importa a contagem na hora desta minha narrativa, quando cada qual sabe do seu próprio ponteiro e muito mais ainda da sua própria vontade.
Recebi, sem sequer palavra ou som àquele que da busca, da procura me ansiava e me dirigi sem nenhuma “frescura” de boas vindas ou conforto, ao quarto que ele esperava encontrar. E era o meu quarto, visionado na sua cabeça de cabelos arrumados, enquanto os meus cabelos começavam a se mostrar, desalinhados à medida que eu mesmo afagava com as minhas próprias mãos, o topo atmosférico e muito são da copa dos meus cabelos.
Fiquei nu, arranjei na vitrola a música que eu gostaria de ouvir, os ruídos e tonsura dos padres que voluntariamente se trancavam com outros padres, para adorar a uma única mulher? Maria? Mentira, para adorar uns aos outros nos frios arcabouços das madrugadas, carentes? Mentira, eles, os padres gostavam mesmo era de cantar suas canções, doçuras, torturas inebriantes e suposição dessa fé, para mim nunca duvidosa, quem era eu para julgar! Seus cantos gregorianos, salvaguardando Gregórius, gargantas doces capazes de engolir até o topo das espadas, seus talos de pêlos deliciosamente perfumados com os sabonetes preparados pelas irmãs, que também jorravam com certeza seus gozos, nunca profanos, porque decididos, numa outra igreja, que eu também nunca conheceria, bastando-me o fato de preferir para aquelas mesuras, os meninos de cabeça mal formada como era ele, o recém chegado, achando-se no dever de a mim perguntar: __Meu Deus! Mas que sacrilégio! Por que música Santa e não Billie Holiday? Por que não um tango?
Nem me dei ao prazer de responder e apenas disse depois de cinco minutos calado, prostrado de pé firme adelante de seus olhos, enquanto o garotinho tagarelava, suas justificativas, falava das jóias da mãe que lembravam os lustres da minha sala escura, a bela pintura, falsa, da Monalisa, que eu estendia a beleza rústica e sem cuidados dos papéis de parede do meu corredor, que seu tio trabalhava com essas colagens, trabalhava há vinte e cinco anos nisso, porque era judeu e só sabia pensar em ganhar dinheiro quando chegado na cidade e havia ficado rico! Enquanto apenas o fitava e meu pau se erguia, solenemente no silêncio jamais indiferente das minhas esquivas e constantes ausências para a contemplação do show de sabedoria, imprestável que me era apresentado por aquele pudente falastrão.
No fim, de alcançado tremor sem sequer perspectiva de retorno ou de espera, apenas respondi: __ Vou me deitar na cama! Posso?
Trêmulo e convulso, com medo do que logo, adviria sedento do que eu “malvado” ou seria mal lavado, poderia pedir, os lábios se carminaram e ele quase transfigurado retrucou: __Mas é claro que pode! A casa é sua! Creio que já está em hora de eu ir embora!
Sem dar tempo a sua resposta eu não respondi, apenas disse: __Vou acender um cigarro, você quer me chupar enquanto eu fumo?
Ele silenciou, e pude sentir que um leve movimento circular delatou sua cintura, a estrutura até então retesada de todo o seu corpo uniformizado de menino rico e vi também, eu não preciso jurar! Que seu peito se abria como se ali eu tivesse resposta de que o menino, por puro fetiche já era homem e que conhecia bem daqueles sabores. Completei: __Vou acender dos cigarros mais longos, para que você o possa fazer sem pressa, sem medo de que a cinza se apague e a sua boca fique incompleta no palato das tuas vontades orais!...Sabe menino, que há doutores que estudam em toda a França, que as crianças que chupam dedo, que mamam nas chupetas de borracha até tarde, tiveram algum desvio na fase oral? Que os pedagogos, ah como os pedagogos gostam dessas tiradas, para enriquecer suas aulas mais podres?__ eu ri!_ Desculpe, eu quis dizer "as suas aulas mais" pobres! Gostam muito de falar sobre isso!?
Ele disse que sim, que podia fazer se eu quisesse. E eu completei enquanto riscava com cuidado circense o fósforo não tão longo quanto o meu pau, mas cabeçudo e vermelho como também ele era_ Mas você é um jovem inteligente para saber que só chupa mesmo quem gosta_ e ainda disse_ quer saber mais? Todo o mundo gosta de chupar! Portanto não se culpe! Eu também chuparia você se você tivesse vontade!
Foi então que, de um soslaio adventista e mercador, ele tirou peça a peça do terninho que usava, deixando por último os pés, me perguntando:__Posso ficar de sapatos! Amo estes sapatos, me excita ficar completamente nu, mas de sapatos? E tenho medo de que chegue alguém e os sapatos são os mais difíceis de calçar! Posso?
Respondi afirmativamente que sim, nesta hora já na segunda tragada, eu brincava com o tempo dos cigarros, porque eu tinha uma caixa dourada inteira do lado da cama, e pedi para que ele começasse logo, sem tirar dele o medo de que alguém pudesse chegar! Quem era eu, para desmitificar o medo de uma criança?! Ahm?
Ele quis vir entre as minhas pernas,primeiro as afastando com o cuidado de suas mãos ternamente aveludadas do piano que tocava, estava certo que ele pedira por Billie Holiday, mas que no fundo ele amava Chopin e eu tive certeza disso, quando sua primeira boca começou a tocar com cuidado direto, ignorando minhas coxas rochosas e duras, para ir certeiro e direito ao centro da fenda do meu pau doce e bem talhado!
Era realmente uma canção a sua boca, ele cantava enquanto chupava, tinha o dom madrigal das alturas dos meninos sopraninos, a língua doce e arqueada dos tenores, quando queria impor a mordedura dos seus dentes que a minha glande por grossura e exercício da vida, conseguia suportar. Tinha também os desvãos e desassossegos do respiro infante, trêmulo, nervoso, dos pagãos russos com fome, das bocas que banqueteavam sem saber da existência de Oscar Wilde, uma delicadeza ensaiada de quem queria mesmo era morder, se fartar, engolir, sorver, mamar como um bezerro desgarrado após o encontro tardio e amoroso com a mãe, e segurava com as mãos, com as duas mãos a minha estrutura toda de nervos e veias, estendendo os braços até o meu peito, para sentir o furor calmo da fumaça dos meus cigarros adentrando os meus pulmões, sofismando de doenças e pigarros falsos a minha garganta, que só queria disfarçar o prazer das surpresas que ele, de sapatos lustrados vermelho bordô, com as meinhas inglesas, de triângulos negros e brancos, conseguia me dar enquanto eu fumava! Acabado o primeiro cigarro ele apenas me disse: __Acenda outro, por favor!_ como se o tabaco fosse a sua ampulheta, divagando no próprio pau, também tão lindo, braçadas, punhetas! Dando-me ordem doce, da qual eu me permitia apenas sorrir, enquanto acendia outro cigarro, agora um dos mais amargos, importado, de que terras nem saberia dizer! Eu era um miserável, cheio de sorte, que tinha o dinheiro que precisava e amava prestar caridades aos meninos como ele, só não o deixaria fumar! Posto que fosse um menino e isto seria responsabilidade minha, ora veja! fumar não é coisa para um rapaz decidir por impulso ou para impressionar aos outros! Ah isso eu não deixaria, mas poderia continuar a chupar, porque ele gostava e eu não queria postergar o tempo do prazer dele e nem o meu.
Continuou suas doçuras, arrastando os sapatos entre os meus pés desvestidos, nus, enquanto me pedia para que eu fosse até o fim. E entendendo nisso, que ele queria mesmo era da água das minhas veias rijas, ele sentia o pulsar, já devia fazer isso nos elevadores da escola dos salesianos onde estudava, no troca e no corpo santo dos colegas das classes do científico. Ali o detive e parei todo o seu corpo. Afastei como se eu fosse de verdade cruel, eu não me importava, detendo com a força de um estivador o curso e decurso do meu próprio pau e de uma só vez, caminhei dando a ele a visão contornada das minhas nádegas até a porta da cozinha. Do corredor, já chamei pelo seu nome_ e não posso revelá-lo aqui_ ele veio correndo atrás, como se esperasse que eu o fizesse sobre a mesa, e eu sim o faria, se esta fosse vontade também minha. Mas para surpresa dele, abri a geladeira, saquei de uma garrafa de leite novo, puro, recém comprado e disse com toda força: __Bebe! Não é leite que tu queres?_ ele se sentou, cuidadoso entre as cadeiras já descascadas, assim como os papéis de parede da Monalisa no corredor, e me obedeceu bebendo com uma sede absurda todo o conteúdo da garrafa de 3ooml de leite, antagonicamente jorrando no chão de tábuas corridas escuras da cozinha, outro leite que provavelmente não era o mesmo que entrava pela sua boca, e eu sorri! Enquanto encaixando-o entre as pernas, tomando cuidado para não molhar sua pele branca e asseada, eu fiz que do meu pau, jorrasse do meu leite chamado por ele, jatos e jatos de lânguido e viscoso sulco dos pomos brancos sobre os seus sapatos vermelho bordô. E creiam, não sujei com nem uma gota esporrada as meias quadriculadas inglesas dele.

O pornógrafo

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Petit scarabée


A gosma desavergonhada desse alabastro deixe-a toda escorrer-se entre tuas pernas!



O diabo não conhece as guerras! Ele só perturba, mas não conhece as guerras. Ele não range os dentes de dor, mas de prazer. O diabo não sente dor. Ele escarra e goza ao mesmo tempo na nossa cara e depois do seu phalo em regozijo, ele mija para o alto num imenso jato de dourados, uma esguichada de mijo adolescente.__ Dos homens, o adolescente é o mais próximo do diabo, seja pela sua imberbe postura mansa de pêlos refestelados ou pelo olor tão madrigal e fustigado entre as axilas e por entre as pernas do coroado.

A baba desavergonhada desse alabastro deixe-a toda escorrer por entre tuas pernas.
O diabo não conhece as guerras, ele só perturba, mas não conhece as guerras!...

O pornógrafo

sábado, 2 de abril de 2011

Réponse oa prince des marées et l'aube boréale




Li sua carta, na verdade não consegui dormir, já que não durmo, apenas mergulho rápido no mundo n’onde maior parte do tempo já vivo, estou falando do mundo dos mortos, dos vivos meus irmãos, nossos irmãos, das fadas, das marés que nos alcançam, das auroras boreais que comunicam comigo suas viradas de cores, suas nostalgias, seus processos, seus passos...
Seus passos naquela noite foram acompanhados por mim e vi a cada letra subscrita na hora do assomo possesso de sua palavra descuidada, nascida pelo impulso da dor e da necessidade de superação, como um sedento que procura água, como um dolente que procura notícias de um filho, de um amante, de um irmão, de uma metade sua ameaçada e perdida nos meios das gentes e mundos, de um só mundo. Senti cada pancada, entendi seguramente cada minuto de repressão e de ameaça, cada estocada covardemente dada na tua cabeça, nas tuas idéias, nos teus medos e revoltas, nos teus pensamentos, nas tuas memórias e nos teus resguardos, tão bem plantados quem sabe pela segurança admoestada da figura amada e masculina do pai. E os pivetes tinham pai? Eu me perguntaria agora, mas não me interessaria sinceramente à resposta, porque mais eu gostaria de sarar com salivas, as porradas e os solavancos do teu pescoço, com o melado das assírias, com as ervas e corpos dos gafanhotos, com o mel cipreste do meu cuspe, da minha saliva, como uma cadela que é capaz de lamber o ferimento no lombo do seu filho, de outro cão. Eu queria poder gritar o que não sei se era dor,mas que estava sufocado? Ou partia em revoada como um novo conceito no final de tudo, para um céu menos lacrimoso, mas muito mais cruel do que todo o seu medo. E você, que não sente grandes medos, da vida, dos outros, dos homens inseguros, eu gostaria de aninhar no meu peito e te deixar falar tudo sem dizer sequer palavra, posto que fosse sabido que de tudo eu pela nossa mágica e enluarada ligação, te faria descer até os solos porosos do meu coração trespassado de batidas e córregos de sangue por teu presente corpo colado no meu, pelo cheiro doce dos teus cabelos, agora aloirados de sol. E eu apenas te daria prumo no meio de tanta incerteza que o mundo insiste em corroer, no meio de tanta definição pré-suposta e administrada. E se preciso fosse, diante do teu tempo, pelo nosso tempo eu te diria mais uma vez: __ Volta para festa! Dança com a menina mais linda e esquece o que eu fiz com você essa noite!_ mesmo sabendo que as etílicas destiladas babas que tu bebesses, não seriam mais alcoólicas e perturbadoras, que a lambida que eu, cão, daria no teu lombo, na tua carne, nas tuas feridas, nos desvãos das tuas palavras, respiradas com pressa e vontade logo de ir embora.
Eu começaria este texto de novo, tentando te dizer, que todos somos marginais, porque a margem de toda compreensão estamos, a margem mirada da compreensão de nós mesmos, não estamos distantes da assumida e presumida ação de preconceito dos meninos, dos crioulos, negros pobres da educação e da necessidade, quem sabe a cada soco, de serem você, tão bem equipado diante do mundo, para eles, tão reto no teu caminho pra casa, do que se passa a necessidade destes outros marginais por tanta violência somente investigando e não muito difícil nos seria a resposta, com o tempo voltado para eles seria possível saber. Mas não quero assumidamente falar deles, quero falar do “casal de homossexuais” até segunda ordem frágil, por sua assumida condição e te perguntaria, porque frágeis se susceptíveis e perecíveis todos nós somos. É bem verdade que tantos “gays” morrem espancados a cada dia, atravessados por galhos e troncos nos seus buracos e cavidades do corpo santo que outrora sentia a elegia da oração dos orgasmos, também marginais? Eu te pergunto! E esta condição de fraqueza e de susceptibilidade a eles seria dada porque são dotados de sensibilidade e a sensibilidade foi coisa criada para as mulheres? Mas você chorou, as meninas choraram, os meninos enamorados (“gays”) correram de volta para outro caminho e teu amigo também chorou, copiosamente numa cobrança absurda de não ter conseguido proteger a todos os desprotegidos da noite. E com certeza se não me falha a boa e incontestável intuição, e que nos salve sempre nela a boa lua, os meninos negros, os crioulos marginais também devem chorar em algum momento de suas vidas, talvez chorem todos os dias e precisem de armas compradas a preço de drogas muito mais consumidas, do que vendidas, para meter medo a alguém e se sentirem importantes.
Perdoe-me meu querido e amado príncipe das marés e das auroras boreais, mas jamais ouviria tua voz nas tuas palavras tão precisas e por mim tão capazes de serem sentidas, passo a passo, cada polegada de som ou ruído dos teus dedos, o teu peito comprimindo-se em espaçadas composições de revolta e água de segredo, sem que eu pudesse falar de toda a questão que envolve o mundo dessa ocasião, sem que eu pudesse deter é claro, porque se te ferisse eu, segredo, jaziria nas entranhas afamadas da terra. Como tu moras nunca morto entre e por debaixo das minhas peles, na estrutura e na nudez e na corrente dos meus ossos, ponte para o espírito, eu te desejo e fecundo no espírito e dentro de mim, auroras boreais; de um roxo fecundo, bem distante daqueles dos forros dos ataúdes, eu te diria que a vida começa roxa, convertendo-se em vermelho rubor quando decide nascer. E é sempre assim, bastava que arriasses as calças até os joelhos e examinasses qual menino, trancado em banheiro de escuta, santuário de espelhos docemente carcomidos pelas rudezas das ferrugens, que é o ouro que o tempo permite e te depusesses a admiração do teu sexo. E porque tudo é rito, tu te excitarias e quantas surpresas ao perceberes que as mesmas cores do mundo residem no meio das tuas pernas, no veludo macio dos teus colhões, das tuas coxas, na cabeça transtornada de carinhos esquivos do teu sexo. E me sentirias ali, sobrevoando como um vento inócuo e presente, sempre constante nas paredes e nos azulejos desse banheiro que mesmo sendo de estruturas modernas, jamais conseguiria deixar de ser ancestral, porque ancestral é o desejo, milenar é o mundo e infinita é a marginalidade de desejar.
Então é hora de perguntar:__ Mas meu Deus, que ser é esse que me procura nas entranhas e vagas mais imprecisas? Que insiste em querer me perturbar e perfurar as vaguezas mais imundas e por tanto só minhas, porque ele insiste em querer nascer lírio nos lodaçais n’onde somente eu decido o que quero deixar pisar?
É porque, senhor lindo das auroras, ter te visto e esquecer teu nome, o que vem antes do nome é impossível! O que te presume, o que te pressupõe a mim não te constrói, mas o que te escapa e te edifica de pura e majestosa coragem__ e não é pecado sentir medo! Ele é o tempero do tempo dos nossos encontros nunca tardios, sempre amadurecidos, nunca devesos, sempre colhidos do pé, na hora certa de sorver o sulco do aninho e da bondade das árvores.
Ontem, quando o carteiro de vento bateu à porta e eu estava letárgico, adormecido diante das fibras e voltas de inglórias da minha tramela, na busca de fotos e fatos e palavras que me devolvessem a corrente boa da comunhão com a minha própria natureza e você me veio, cântaro cuidadosamente regado de destilados azuis, da água tonta que te deixa mais sóbrio e mais ciente do que é o mundo, quando o verdadeiro mundo corre mesmo é por dentro de cada um de nós,ontem quando eu vi tuas palavras endureci amolecida nuca de desejos e pequenos sóis. Quantos nós, quantas fitas coloridas de cetim, quantos lençóis estendidos num varal de quintais de ventos e correrias, quantas árvores boas, quantos matagais, quantas plantações de mostarda dando flores amarelas, para eu colorir teus cabelos, entre os seus dedos, florinhas colhidas no mato mais selvagem, quantas músicas ôcas e simbioticamente liquidas, sentirias com teus lóbulos, tuas orelhas mordiscadas, tu ouvirias com o corpo da suntuosa arquitetura dos caramujos, quantos presentes no mato de minha infância eu te daria! É assim, porque quando falo contigo, renasce constante e quase sempre o menino que um dia eu fui, que ainda sou, que ainda insiste em vigorar nos altos pomos da minha envelhecida e ainda pouco resguardada vocação de sentir. Creio que a paixão seja sempre menino. “Petit”, Niño, Criança, infante, menino.
O pornógrafo

Le pic se lève tôt




Afiando as demasiadas pontas do corpo, dando-lhas todas possibilidades e destino de melhor cortar, melhor entrar, melhor meter, melhor atravessar! Lustrando o decurso e o percurso de todo o seu corpo feito de lua e prata e de metal, remindo de colores e odores a ponta dessa estrutura que tem como destino a crueladade de se enfiar corpo a dentro e perpetrar no mangue de cada escolhido. É assim...