quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Le soleil visiter le diable chaque matin

Para o meu tanto de fúria e de cansaço, a paixão me ergue a um só passo até as grimpas coroadas do céu. E neste salto, comiseradamente justo e bom, que se tornam meus olhos duas lanternas avulsas, catadas, detidas, atadas da terra pelas mãos até a cavidade do meu crânio alinhando destino para o horizonte. Duas pedras bruscas, bruxas e sinceramente amarelas, abortadas com abuso do útero dessas terras do mais profundo chão até os olhos. Esta pedra viveria cativa, se o seu destino fosse cativo, se o seu presente não fosse ser os olhos meus. Porque a esta função, deram a ela a de ser olhos de um pequeno diabo nas mãos vaporosas e silentes de Deus. Deus me adornava as pernas e o interior das coxas, todas as horas de descanso com uma bondade leitosa, as mãos macias de um médico maior e poderoso que saberia me ouvir as cavidades mais profundas, as mantas e glóbulos seculares do sangue correndo saúde ou tristeza, no fundo mais poroso dos meus interiores nunca perdidos, porque Deus é perdição. E era nele que eu, este pequeno diabo desobediente, gostava de ser detido, aplainado na palma santa, nas linhas quase sem muito mistério das suas mãos. Deus me visitava todas as manhãs, todas as minhas culpas, propondo a sabatina mais ferrenha e festiva, mais sincera e nua,mais sagaz e equacionária, todos dos dias antes do café. E antes mesmo que eu me desse o direito de me culpar, por qualquer coisa que eu julgando a mim mesmo pequeno diabo, estivesse tentado a me dar, ele mais uma vez com sua furiosa calma, como se me fodesse certo e experiente até as ventas, que me ventavam prazeres e razão, me dizia: Antes da culpa, a lupa, dos teus imensos olhos amarelos escavados com acuro do fundo das terras do teu pisar. Antes da culpa, a justa e devida capacidade de que há vida em ti, que para qualquer coisa o julgamento começa em ti e que Eu, por ter te visitado com toda a minha certeza nesta primeira hora do teu dia, não te dou o direito de me usar como desculpas para o que não tens capacidades de ser, organizar ou saber! Eu sou Deus e nunca desculpa para a tua opção de ignorância!__ Dito isto, Deus voltou poderoso e sempre acima de tudo, calmo, até o sol, pegou carona até o centro do meio dia e disse que de lá partiria fragmentado num bando de aves que estariam recém chegadas de umas árvores da Iugoslávia, estariam partindo para o teto de uma choupana nos Andes. Subiu com o sol e eu ainda fiquei pensando nele, todo diabo! sem os meus vestidos na ponta dos pés olhando para o dia, pelas vagas e frestas do basculante do banheiro.

O Pornógrafo