terça-feira, 25 de maio de 2010

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Se alguém aqui acha que vai me ouvir falar de sofrimentos antigos, de moléstias da infância, de padres me forçando orações enquanto me enfiavam o dedo indicador no cú... Se pensam que tenho algum desvio de moral e de conduta e sou carente ao extremo para querer me enfiar em todos os buracos que o mundo me der ou quem sabe o contrário, quando me convier (porque sou recíproco e nunca platônico!), se alguém acha que tenho pacto secreto com demônios e blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá.... Ah! Desculpas já logo peço pela decepção! Porque, de mim, o que terão nascerá muito mais das entranhas e dobras da safadeza maior e primeiramente linda do mundo, o sol se espalhando indecente vermelho em fúria, enquanto os pássaros arrulhados do altos das árvores cagam com prazer, enquanto meninos fodem jamais escondidos e divinamente bêbados, nas escadas e muros recém aquecidos pela aurora. Serei de todo também poesia e rubor, serei peste e calor de febre e concupiscência, serei mácula e ciência, serei estampido, vertigem e demência, serei tudo... porque sou livre para ser o que eu bem quiser. E sejam comigo! Partindo, é claro, das vossas particularidades existenciais, porque não há deus que nos impeça demais, nem diabo que tanto se retraia, não há força maior que nos traia mais, do que nós a nós mesmos. E nem há perigo maior neste mundo do que prender a insistência da vida na cabeça do pau ou na entrada espremida entre coxas da buceta. Por hora nos tratemos assim, com este sumo meio amargo e doce da franqueza. Não nos impeçamos e não nos envergonhemos com o sol...
Porque acordo agora, bom dia!

O Pornógrafo

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