quarta-feira, 8 de junho de 2011
L'agneau blanc d'un millier de soleils!
Para L.
Descia sobre os seus olhos uma enorme fenda, uma desobediente e inescrupulosa luz de manhã. Da luz das manhãs os trigais serão sempre dourados e belos, resfolegando a teia doce da pele, uníssona e coberta apenas pelos trigais menores, se amontoando em doce conversação em volta da boca, do sorriso primeiro, as pratas de marfim tão branco! Quando se fecham, são protegidos por carne rosada de aurora, como o rubor das putas, os carmins das francesas e jovens travestidas de santas, pagãs, os lábios são de suntuosa doçura, podendo esconder entre as lápides dos dentes afiados, parecendo de leite, o pão e o leite que fustiga a palavra que se esconde e se revela e se mastiga para depois cuspir quase nunca de uma só vez! Ainda sobre o leite, a mão e os dedos longos eu logo pude sentir na hora da primeira saudação! Os braços, grandes, a generosidade sem tamanho, no minuto do abraço. Anacrônico, nem pude contar seu tempo! Posto que fosse certo em toda a minha boa bruxaria, que o tempo era enguia, revirando-se jocosa por dentro em antepasto de reconhecimento.
O cordeiro, de cordial, de animal comido e preparado com ervas em festas de fartos ciganos como eu, nunca passaria despercebido à minha fome! Nunca!Em jamais tempo algum, uma elevada estrutura de arrimo e cuidado, sofismando resguardos, passeando nudez, por debaixo e por entre os pêlos, jamais! Eu disse, jamais! Deixaria meu zelo descuidado dos minutos.
Era simpatia, trespassada de algum desarvorado medo, o meu segredo estendendo côrte e levantando as calças como a floração nada inocente dos trigais, dos milharais pontudos. Da polegada do meu sexo, bombeando sangue e completando centímetros de beleza, uma doce tora estendida para colocada bandeira de anunciação. E eu nem me sentiria vulgar, dizendo assim, deste modo, sabendo que meu corpo é santuário e que o dele era mais bento que os ungüentos cuspidos pela língua, na hora intencionada de adentrar. Eu sou erótico, mas não sou fácil! Não são de fácil compreensão os meus escritos, os meus arroubos e os meus gritos, minha mudança de voz e prosódia quando a língua se entorta em chegada dos vozerios de cima, quando a conversação invade o meu corpo num “espanhol” proscrito em minha mente, eu não sou fácil! Eu não sou fácil nem para mim, mesmo! Eu não sou fácil!
E se dizer ao cordeiro é receber indiferença redobrada em retorno, o caminho tortuoso que ele faz com relativo “prazer” entre os prados e montanhas para ser encontrado pelo pastor! Eu faço o caminho, eu grito nas encostas e matas e estradas e nos eitos de grama, já acocorada pela noite, eu grito! Não tenho por que, postergar a afirmação do que para mim fora beleza. Do que me fora fome e desejo. Mas faço tudo isso, com a consciência redargüida de toda a sua natureza, de toda a sua possibilidade de “inação”, de silêncio como esmero e cuidado. Mas de mim não precisa cuidar! Pelo menos, desse modo!
O cordeiro fala, fala doce, fala à voz que seu corpo anunciaria antes mesmo de vocalizar, porque nele quase tudo é harmônico, até a sua empáfia, a sua esnobe e ressentida forma de chamar atenção, distendendo seus músculos e todo a estrutura do espírito em silêncio de bolha, meticuloso, seletivo, virado de costas ele quer mesmo é estar de frente porque odeia o que é fácil, mas também odeia a rejeição da dificuldade! E isso tudo é lindo e me excita pelo meu respeito e sagração constante a natureza. Adoro o corpo frêmito dos animais nervosos! E os cordeiros não são menos selvagens quando se sentem enraivados.
Certa feita, no meio de uma festa, depois de “quase” me negar os olhos, passeando por todos os outros animais, o cordeiro se deitou no chão e fez questão de esticar o corpo todo para que o seu membro fosse visto nervoso, ereto, prometido para logo em seguida quem sabe, muito provavelmente ser negado.
Mas o que eu, um homem sujo e estampado de luxúrias e torpores na pele dos olhos posso dizer? Que eu, pequeno estorvo, medalhão de cafonices e ouros turvos posso dizer, senão que a minha safadeza é sim, a minha cara, mas que a doçura também lambuzaria de mel, nos mais ciprestes agridoces a comida toda do seu corpo, todo branco, todo manto de lençóis delicadamente arrumados na hora da visita, da minha visita ao seu quarto que ainda não aconteceu?
Pois, bem, abrasada a festa tinha também fogueiras e festejos maiores, mas eu me alimentei de pão sírio e de águas sevadas, as que semelhavam os suores das tuas axilas em trabalho, dos teus sabores por mim supostos, numa adocicada e severa condição de amargor, porque tu és todo lindo e dos teus olhos, qualquer palavra seria bendita, se tu sorrisses bem, mas bem no canto da boca! Não precisando, por suntuosa jogatina de naturais posições, que tu revelasses o branco tolo dos teus dentes semelhando ainda os de criança. E tua criança, seria deitada, provavelmente, primeiro sem nenhum tom maior de afetação no ruidoso rosnado do meu colo, do meu solo e quem sabe depois minhas ereções abusadas, desprendidamente despreocupadas do teu julgamento, depois que deposta a primeira entrega. Eu te mostraria como se faz para crescer mesmo sendo linda e louvada a infância, de redescobertas. Assim, imenso, do teu tamanho de homem, solfejando quase tristonho, porque triste e admitido, nunca! O cordeiro é vaidoso, eu tosaria peça a peça de tuas roupagens tão belas de vestir e fazer notória tua beleza, tua pele, teus olhos ermos de uma secreta e contraditória nudez branca e não sei porque latina_ porque também há cordeiros na Espanha, na Argentina, nos Andes, nos madrigais de toda América latina_ que para ser homem nos braços de outro homem, basta apenas se permitir depois de “velho”, doutorado e feito, pela vida, pelas rasuras do tempo, apenas ser niño, menino, ciranda, criança e te faria gozar, com amor, do leite que deleite já deveras há em teus colhões! Porque todo cordeiro é santo, como também é manto de carnes avermelhadas nas presas da boca faminta dos felinos, das raposas, dos contentes sanguinários ciganos tristes como eu.
Mas teu silêncio é longo e “indiferente” como eu já pressupunha, tua memória é peixe como eu já eu me depunha em confissão de sofrimento e negação a esta carne ilesa e difícil dos anzóis, tua certeza é incerta, posto que teu natural realejo esteja nessas danças mudas, mas mesmo amando o silêncio, eu sou amante dos gritos, das caras feias e expressivas, das dores e doces sofreguidões dos penetrados, dos perpetrados na luxúria dos buracos rosados, negros, nada secretos; mas teu corpo é etéreo e batizado é redimido e treinado para a negação. É hóstia jamais sofrida, que minha língua não pode comer. Esta ilusão não me é permitida, vulpe e adorador das carnes vermelhas, fico de longe contente apenas nas lembranças do teu sangue no rosto, como rubor.
Se eu te pretendi?Mas é claro que sim e talvez, eu disse talvez! Sem a pretensão de horas ou permanências, sem prisões ou decências, sem torturas ou imposições! Eu sou indecente, despudorado, sou de palavras febris e lagrimado, sou, redundante, desavisado, sou passional demais para você! Mas longe de mim sentir auto-piedade! Isto não é nem de longe uma carta de amor, para alguém que de distante, fugiu de medo? por não corresponder amor sequer experimentado, por mim, nem exigido. Eu sou potente e audacioso demais para depois da festa me enlear de auto-comiseração! Eu te respeito demais para sentir pena de mim! Eu quero gargalhar teu sorriso e te dizer apenas, que sem penas, nem houve tempo para expectativas ou lamentações e que o meu pau sempre suba, rendendo glórias ao teu corpo santo quando ele passar, quantas vezes ele quiser passar, passear, se perder ou sangrar pelas minhas trilhas de altas e ingrimes vertigens montanhosas! Para simplificar, toda vez que eu sentir tudo isso, te facilitarei, bebendo de ti um copo, um pouco, um corpo inteiro d’água, porque água na minha boca é vinho e o meu carinho bruto, nos altos frontispícios do arrimo de calças, para isto sou fácil! tu vais avistar! Uma ereção e todo o leite dessa tora “maldita”, rendida até os meus pés mais bizantinos e sacro-santos, esta baba leitosa e benta em homenagem desvelada somente a ti! Estamos acertados, cordeiro?... Agora, corre pelos prados que a ti impuserem fome, que te derem nome. Tua imagem, jamais, será esquecida! Por ti eu sempre hei de gozar!
O pornógrafo
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Parce qu'elle m'aime à l'os
...
Dei-te do meu cheiro fumarento às tuas entranhas, todos meus desejos, minhas rusgas, minhas rugas, minhas mãos, do meu sexo invertebrado quando contorcia qual serpente em nossa cama de silêncios, bravios, tão bravios córregos de um olhar tão pairado. Fascinando-se no ar, as bravuras desses braços que tocando em própria misericórdia, no clamor, no pedido, no eriço dos nossos pêlos mais íntimos, o som penetrado dos regatos, resgato a essência e o azedume olorado, que consome...
Dei-te as minhas mãos, enquanto tocando o próprio corpo, o meu corpo que era teu, tua casa, teu santuário, teu eito simples sem descampados, de doces pomos e frutos, pedia a cabeça dessa tora, desse tronco que espremesse por natureza, na despreocupada e aturdida repetição, grunhidos cânticos ancestrais, que por milhares de anos, homens iguais a nós dois, chorariam pela boca dessa fenda,dessa luta, desse pomo, o azeviche desse estrondo, numa cascata de leite, o deleite do nosso gozo até o fim, sem sono. Porque ele me ama até os ossos!
O pornógrafo
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