quarta-feira, 1 de junho de 2011

Parce qu'elle m'aime à l'os



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Dei-te do meu cheiro fumarento às tuas entranhas, todos meus desejos, minhas rusgas, minhas rugas, minhas mãos, do meu sexo invertebrado quando contorcia qual serpente em nossa cama de silêncios, bravios, tão bravios córregos de um olhar tão pairado. Fascinando-se no ar, as bravuras desses braços que tocando em própria misericórdia, no clamor, no pedido, no eriço dos nossos pêlos mais íntimos, o som penetrado dos regatos, resgato a essência e o azedume olorado, que consome...
Dei-te as minhas mãos, enquanto tocando o próprio corpo, o meu corpo que era teu, tua casa, teu santuário, teu eito simples sem descampados, de doces pomos e frutos, pedia a cabeça dessa tora, desse tronco que espremesse por natureza, na despreocupada e aturdida repetição, grunhidos cânticos ancestrais, que por milhares de anos, homens iguais a nós dois, chorariam pela boca dessa fenda,dessa luta, desse pomo, o azeviche desse estrondo, numa cascata de leite, o deleite do nosso gozo até o fim, sem sono. Porque ele me ama até os ossos!

O pornógrafo

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