terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Des sourires, des cigarettes et du lait
Para o rapaz de intrigantes silêncios insinuantes!
Ele surgiu assim como se aparecido no meio da noite, entre as cartas e papéis guardados nos classificados. No meio de uma revista suja, coberta de cheiros e nódoas do sacro das recorrentes visitas. Seu rosto, não era desconhecido, intrigante ter passado tantas vezes os dedos molhados por aquelas páginas e não ter me detido ou me atentado para perceber do seu nome. Talvez, porque no antes, eu não o soubesse do nome, nem tão pouco o conhecesse, se é que eu realmente o havia conhecido, se realmente ele era quem eu estaria a pensar.
__Sim eu o conhecia!
__Sim era ele mesmo de uma época distante atravessado tão diverso e igual!
__Sim... _ a resposta dele_ mas este é o melhor lugar¿ Não quero que ninguém nos apanhe aqui e exatamente em ato como este! Definitivamente eu creio que seria o fim de todos os planos de minha família, de todos os sonhos de minha família, de todos... sim, seria o fim de todos!
E lembro apenas que respondi:
__Mas talvez fosse o teu começo!
Seria ele, o menino que esbarrava comigo todos os dias no horário taciturno da escola dos padres capuchinhos¿!... Eu estava lá desde o momento em que por rebeldia, em ocasião em que a minha mãe, severa e atormentada, me havia encontrado nu, batendo punheta na parte alta de nossa casa, tão branco o corpo de pele corrida da minha ventura, muito mais branco era o leite que espirrava entre as minhas mãos quando ela me surpreendera na hora de gozar.
Exctase e sorriso, ladeando os entornos da minha boca de fruta vermelha, sem nenhuma grande preocupação com os gritos renitentes dela, muito mais apavorada, dizendo insistentemente aos berros que eu estava “possuído por alguma espécie perversa de demônio!” que não era possível que eu continuasse daquela maneira, desobediente e querendo atravessar antes do tempo as auroras que a vida faria tão bem o trabalho de fazer nascer. Brotar, nascer, florescer entre os mastigos frios e inapetentes de sabores daquela casa, realmente seria impossível, razão pela qual não impus força ou rejeição á imposição de ir para o reformatório dos padres nas montanhas da cidade fria. E eu tinha apenas treze anos!
Lembro, que quando cheguei, a primeira visão que tive foi de um vale quieto, sossegadíssimo e morto, n’onde passeavam quase flutuantes os pássaros negros encapuzados, mais a imagem tristonha de meninos petrificadamente mudos e obedientes. E no meio de todos aqueles, quase que chegado por último para completar a fila de garotos para me darem as “boas vindas”, um outro, que chegava arrastado por um dos braços, com olhos de cansaço e fome, de luxúria e desejo iguais aos meus, com os cabelos quase negros, o rosto desarmonizando a proposta de ser “menino” e o que jamais, jamais, jamais sairia de minha cabeça, suas coxas e pernas de ancas levemente avantajadas, suas nádegas calipígias e sua boca pequenina de sorrisos infantis. Sim! No meio de toda aquela severidade e feiura, ele me sorrira, os olhos sorriam, as mãos apertadas suarentas sorriam, o balanço de mar quase mimético me sorria. E era certo, que eu queria sabê-lo mais e muito mais do que a todos aqueles outros que estavam mortos de pé, ali.
Detestar aquela imersão complexa de estudar latim e o canto em francês das liturgias, isso era pouca coisa diante de minha fúria luminosa. Eu era capaz de dissimular, eu era capaz de cantar com soberba e antipatia agradando mesmo assim a todos os professores, enquanto ele ávidamente deposto a me reconhecer desigual, assim como ele, no meio de todos os outros vestidinhos de presteza, como quem sabe fosse, alguém com que ele um dia pudesse também falar. Quem sabe contar de suas desventuras, de seus planos de ser artista na grande Paris, de rodar os caberés e circos das putas, fazer poesia com tinta esporrada das taças brutas de vinho à mesa dos bares de vielas escuras ou quem sabe sorver aflitivamente os grelos de rosas vermelhas de mulheres generosas, como nós dois, também de natureza generosa, quem sabe ser famoso nas fitas do cinematógrafo ou quem sabe fugir para longe do exílio que nos detinha.
Certa vez, quando já passados três meses e quinze dias, correndo pelo corredor, ele trombou o seu ombro esquerdo em mim. E sei que o fez somente para que se fizesse notado e era certo que eu o notara. Recuou na sua contagem acelerada dos passos, dois segundos, não me disse sequer “perdão!” e se foi olhando insistentemente para trás. Estava certo que era um convite, eu sabia ler pessoas.
Desvantagei qualquer possibilidade que fosse de me fazer notado pelos padres e inventando que precisava ir ao toilete, corri desesperadamente contornando os corredores de outros santos, e resfolegante, como um cavalo, escolhi dentre três portas, a do meio, bati e não esperando resposta entrei. Era o quarto dele e eu bem o fazia ideia que fosse, mas como maior parte do tempo, estudava no segundo andar, não tinha certeza. Entrei, ele estava de frente para a janela, as costas para mim, apresentaram surpresa ligeiramente tensa na espinha dorsal, enquanto uma lufada de fumaça sobia escapando nervosa de sua boca.
__Feche a porta! Se não quer que os outros te descubram aqui!
__Quantos anos você tem¿
__Certamente sou mais novo que você. Tenho quinze!
__Pois eu tenho treze, faço quatorze em dezembro, no mês que vem!
Foi quando se virou para mim.
__Não parece! És bem mais alto do que eu... Quer fumar¿
__ Quero. _E eu queria mesmo era estar em companhia dele.
__Então sente aqui, do meu lado. A porta está trancada¿ Não quero que ninguém nos pegue aqui juntos. Nem muito menos quero ser culpado por coisa que eu sei fazer, sem que ninguém me note ou persiga.
__Eu tenho cigarros no meu quarto, fique tranquilo. Não sou nenhuma desavisado que não saiba se defender. __ E me sentei ao lado dele.__Você tem mesmo quinze anos¿
__Menti para você, eu tenho também treze, mas só faço quatorze no ano que vem, em junho. Mas não minto quando digo que não quero que saia daqui o que eu faço.
__Em troca de que eu poderia querer delatar os teus hábitos¿ Já descobri que você é queridinho dos padres. Não é frei Antônio o seu tio¿
__Aquele infeliz é irmão de minha mãe e por causa dele eu estou aqui.
__Pois eu estou aqui porque minha mãe pensa que estou com o demônio de férias no meu corpo! Posso com uma coisa dessas¿
__O que foi que você fez para isso¿
__Quer mesmo saber¿ _ e não esperei a resposta, queria testar até onde ele era tão livre de si mesmo__ Fui apanhado em flagrante chorando leite pela ponta grossa do meu cacete.
__Como assim¿!
__Estava batendo punheta, tocando uma bronha, apertando os mamilos, esticando o próprio saco, me masturbando no sótão da nossa casa. Entendeu¿
Ele ficou de pé e virou-se para mim pela primeira vez desarmando sua coragem e ao mesmo tempo que "diafanava" admiração e espanto. Fez então de si um tempo de silêncio poroso, suspirado, ruidoso pelo cigarro.
__O que foi¿
__Nada.
__Nada¿
__É nada! É que eu nunca me toquei. Pelo menos nunca me toquei até o, até o fim, até chegar a...
__Esporrar¿
__É.
__Quer fazer agora¿
__Eu acho que tenho vergonha.
__Mas você quer fazer¿
__Já disse que acho que tenho vergonha!
__Vergonha de que¿ De não saber¿... Isso é bobagem, eu te ajudaria, faríamos juntos e não me venha com ideias de pecados que eu bem sei que você não acredita nisso!
__Quem foi que te disse que eu não acredito em Deus¿
__Acreditar em Deus não é acreditar em pecado! Eu não disse isso, esses idiotas é que falam isso o tempo todo! Eu não sou igual a eles e sei que você também não o é!
A poesia é capaz de dizer que os olhos brilham, mas a ciência também poderia dizer que isso é possível, porque foram dois faróis de enaltecimento, vigor e beleza que eu via raiar os olhos dele. Acompanhados de sorrisos tão doces e infantis, que eu pau já estava duro, completamente duro dentro das calças de linho asseado.
__Está vendo¿ Só de falar a você sobre isso, eu já fiquei com o meu nervo duro. E sei que você também, que daqui já posso ver alteado o monte quase rasgando a braguilha da tua calça. Vamos medir¿
__Medir o que¿
E não pensando em dar a ele tempo de relutar, coloquei o meu pau para fora.
__Medir, para ver se são parecidos, se têm o mesmo cheiro, o mesmo perfume, a mesma coloração. Veja! Eu não tenho vergonha!
Fiquei de pé para quase rente a ele para que exatamente pudesse causar nele a irrefutável doçura de sentir o meu pau roçando no corpo dele, bati com ponta já muito inflada e grossa em um dos braços dele. Nesta hora o cigarro já tinha chegado ao fim. Ele no entanto, não fazia nada. Mas eu sabia, muito mais por intuição do que por experiência o que fazer para que o que eu queria acontecesse.
Fui eu quem passei a mão sobre o volume com força sentindo que ele pulsava concomitantemente nas plantas da minha mão esquerda.
__Você tem outro cigarro¿
__Tenho. Mas acho que está amassado no meu bolso.
__Deixa que eu pegue! _ e me ajoelhei, solenemente até a altura da cintura dele, encostando um dos lados da face no pau dele quase revelado, para pegar o cigarro no bolso de sua calça, agora muito ajustada no corpo.
__Os fósforos também estão no outro bolso de trás.
Assim virei lentamente o outro lado da face para também esfregá-la no mesmo volume, era possível senti-lo latejar, abracei então com os dois braços sua bunda maravilhosamente farta e juvenil. E levantando-me de uma só vez, acendi o cigarro já deposto a boca e o acendi numa certeira riscada de pólvora e luz crispada.
__Deixa então eu abrir a calça para mostrar o meu pau também a você!
__Faz isso que eu tenho certeza que será bom.
Abriu com relativa dificuldade e cuidado o zíper da própria calça e colocou depois da cueca, um pau deliciosamente torneado e macio, grosso e frugal, perfumado dos cheiros de sexo. Perfume que se fumega entre os dedos as narinas nervosas quando quer ressentir e reviver! Naquela hora eu queria deixar que o olor me virasse em bicho!
__Vamos deitar na cama¿
__E se chegar alguém¿
__Fazemos silêncio e deixamos bater até que pensem que não tem ninguém! Você quer ou não quer¿ _senti que fui rigoroso.
__Sim... _ a resposta dele_ mas este é o melhor lugar¿ Não quero que ninguém nos apanhe aqui e exatamente em ato como este! Definitivamente eu creio que seria o fim de todos os planos de minha família, de todos os sonhos de minha família, de todos... sim, seria o fim de todos!
E sabendo ali que começávamos uma prática recorrente, calmamente e quase sem demonstrar fazer questão eu disse:
__Mas talvez fosse o teu começo!
De uma só vez, sem que eu precisasse dizer mais nada! Ele tirou de mim o cigarro de entre os dedos, tragou três profundas vezes e arrancou de uma só vez todas as roupas que restavam no corpo. Me pediu que fizesse também o mesmo e obtemperou:
__Então, quero que seja que seja feito de tudo! Como se fazem nos grandes encontros. Quero que você me ensine o que sabe e eu te ensinarei o que sei fazer também!
Tomei de novo o cigarro para entre os meus dedos e traguei profundo.
__Posso passar a fumaça para a sua boca¿
__Faça isso! E enquanto você toca o meu eu toco no seu. Está certo¿
__Está maravilhoso! _Assim neste compasso eu mesmo tomei de sua mão até o meu sexo rijo, a mão quente, macia, beijei sua boca, porque já não existia mais fumaça no interior da minha, enquanto tocava e apertava o seu suntuosíssimo pau, que logo fiz questão de descer beijando todo o peito e barriga e umbigos, cheirando como um bicho todos os pêlos mais anelados da sua virilha liberta até que eu o pudesse chupar, com a mesma fúria que a boca que o beijava em alternados tempos. Mordi,lambi, chupei, todos os seus buracos, esfreguei a minha primeira vegetação de pequenos fios de barba na sua maravilhosa bunda, engoli novamente o seu sexo. E sem nem precisar pedir que ele fizesse igual, porque sexo não se ensina, se lembra, nos tivemos durante quase duas horas, sem que nem um padre desse por nossa falta o batesse a porta.
Tudo isso aconteceu, da forma mas calma e secreta durante o cinco anos que fiquei ali, até que eu completasse dezoito anos e fosse embora. Lembro que saí do reformatório antes dele. E fiquei sabendo que ele viajou para Portugal com os pais, para estudar teatro na companhia de uma tal Madame Maria da Mouraria. E hoje, o encontrei nas páginas desse classificado torto e velho.
O pornógrafo
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