quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cigarettes du prophète __ Dédié à tous les enfants intelligents





Foi tomado por uma fúria de séculos, que fumei três cigarros até o revés dos meus colhões. Completamente detido e solto por uma ventanosa e estonteante usura, me deixei levar pelas palavras de uma força estranha, que não palavreava, mas entoava sonidos e certeiras vontades dentro de mim, como se meu corpo, fosse inteiriça e forrada caverna de lodos, que corri pelas ruas até chegar ao quarto alcova de minha solene e seletiva visitada casa. Passei ainda furioso por este senhor tão bom e decisivo no espelho, que eu era mesmo, até receber de uma só vez, pelos lóbulos ainda pouco quentes dos ouvidos, o barulho dos sinos que ressoavam qual “mantrinhas” budistas ao pé das cavidades profundas da minha perceptiva e austera carcaça de couro bom e de olhos amarelos, o meu corpo inteiro tinha decisão e abstido da necessidade de saber, apenas sentia, ascencionava missões que eram somente minhas. Fui com meus passos decisivos ainda forrados pelo cuidado dos sapatos, que ainda me guardavam a nudez dos pés, dos perfumes e lumes guardados entre os dedos, entre as minhas cavalgaduras, das minhas plantas selvagens de pisar o mundo, que cheguei até o meu destino.
Atendi a porta no meu tempo, muito consciente de que ao seu tempo, quem me procurava também me buscara em seu próprio tempo, porque só há mesura no encontro de dois ou de três ou de mais, não importa a contagem na hora desta minha narrativa, quando cada qual sabe do seu próprio ponteiro e muito mais ainda da sua própria vontade.
Recebi, sem sequer palavra ou som àquele que da busca, da procura me ansiava e me dirigi sem nenhuma “frescura” de boas vindas ou conforto, ao quarto que ele esperava encontrar. E era o meu quarto, visionado na sua cabeça de cabelos arrumados, enquanto os meus cabelos começavam a se mostrar, desalinhados à medida que eu mesmo afagava com as minhas próprias mãos, o topo atmosférico e muito são da copa dos meus cabelos.
Fiquei nu, arranjei na vitrola a música que eu gostaria de ouvir, os ruídos e tonsura dos padres que voluntariamente se trancavam com outros padres, para adorar a uma única mulher? Maria? Mentira, para adorar uns aos outros nos frios arcabouços das madrugadas, carentes? Mentira, eles, os padres gostavam mesmo era de cantar suas canções, doçuras, torturas inebriantes e suposição dessa fé, para mim nunca duvidosa, quem era eu para julgar! Seus cantos gregorianos, salvaguardando Gregórius, gargantas doces capazes de engolir até o topo das espadas, seus talos de pêlos deliciosamente perfumados com os sabonetes preparados pelas irmãs, que também jorravam com certeza seus gozos, nunca profanos, porque decididos, numa outra igreja, que eu também nunca conheceria, bastando-me o fato de preferir para aquelas mesuras, os meninos de cabeça mal formada como era ele, o recém chegado, achando-se no dever de a mim perguntar: __Meu Deus! Mas que sacrilégio! Por que música Santa e não Billie Holiday? Por que não um tango?
Nem me dei ao prazer de responder e apenas disse depois de cinco minutos calado, prostrado de pé firme adelante de seus olhos, enquanto o garotinho tagarelava, suas justificativas, falava das jóias da mãe que lembravam os lustres da minha sala escura, a bela pintura, falsa, da Monalisa, que eu estendia a beleza rústica e sem cuidados dos papéis de parede do meu corredor, que seu tio trabalhava com essas colagens, trabalhava há vinte e cinco anos nisso, porque era judeu e só sabia pensar em ganhar dinheiro quando chegado na cidade e havia ficado rico! Enquanto apenas o fitava e meu pau se erguia, solenemente no silêncio jamais indiferente das minhas esquivas e constantes ausências para a contemplação do show de sabedoria, imprestável que me era apresentado por aquele pudente falastrão.
No fim, de alcançado tremor sem sequer perspectiva de retorno ou de espera, apenas respondi: __ Vou me deitar na cama! Posso?
Trêmulo e convulso, com medo do que logo, adviria sedento do que eu “malvado” ou seria mal lavado, poderia pedir, os lábios se carminaram e ele quase transfigurado retrucou: __Mas é claro que pode! A casa é sua! Creio que já está em hora de eu ir embora!
Sem dar tempo a sua resposta eu não respondi, apenas disse: __Vou acender um cigarro, você quer me chupar enquanto eu fumo?
Ele silenciou, e pude sentir que um leve movimento circular delatou sua cintura, a estrutura até então retesada de todo o seu corpo uniformizado de menino rico e vi também, eu não preciso jurar! Que seu peito se abria como se ali eu tivesse resposta de que o menino, por puro fetiche já era homem e que conhecia bem daqueles sabores. Completei: __Vou acender dos cigarros mais longos, para que você o possa fazer sem pressa, sem medo de que a cinza se apague e a sua boca fique incompleta no palato das tuas vontades orais!...Sabe menino, que há doutores que estudam em toda a França, que as crianças que chupam dedo, que mamam nas chupetas de borracha até tarde, tiveram algum desvio na fase oral? Que os pedagogos, ah como os pedagogos gostam dessas tiradas, para enriquecer suas aulas mais podres?__ eu ri!_ Desculpe, eu quis dizer "as suas aulas mais" pobres! Gostam muito de falar sobre isso!?
Ele disse que sim, que podia fazer se eu quisesse. E eu completei enquanto riscava com cuidado circense o fósforo não tão longo quanto o meu pau, mas cabeçudo e vermelho como também ele era_ Mas você é um jovem inteligente para saber que só chupa mesmo quem gosta_ e ainda disse_ quer saber mais? Todo o mundo gosta de chupar! Portanto não se culpe! Eu também chuparia você se você tivesse vontade!
Foi então que, de um soslaio adventista e mercador, ele tirou peça a peça do terninho que usava, deixando por último os pés, me perguntando:__Posso ficar de sapatos! Amo estes sapatos, me excita ficar completamente nu, mas de sapatos? E tenho medo de que chegue alguém e os sapatos são os mais difíceis de calçar! Posso?
Respondi afirmativamente que sim, nesta hora já na segunda tragada, eu brincava com o tempo dos cigarros, porque eu tinha uma caixa dourada inteira do lado da cama, e pedi para que ele começasse logo, sem tirar dele o medo de que alguém pudesse chegar! Quem era eu, para desmitificar o medo de uma criança?! Ahm?
Ele quis vir entre as minhas pernas,primeiro as afastando com o cuidado de suas mãos ternamente aveludadas do piano que tocava, estava certo que ele pedira por Billie Holiday, mas que no fundo ele amava Chopin e eu tive certeza disso, quando sua primeira boca começou a tocar com cuidado direto, ignorando minhas coxas rochosas e duras, para ir certeiro e direito ao centro da fenda do meu pau doce e bem talhado!
Era realmente uma canção a sua boca, ele cantava enquanto chupava, tinha o dom madrigal das alturas dos meninos sopraninos, a língua doce e arqueada dos tenores, quando queria impor a mordedura dos seus dentes que a minha glande por grossura e exercício da vida, conseguia suportar. Tinha também os desvãos e desassossegos do respiro infante, trêmulo, nervoso, dos pagãos russos com fome, das bocas que banqueteavam sem saber da existência de Oscar Wilde, uma delicadeza ensaiada de quem queria mesmo era morder, se fartar, engolir, sorver, mamar como um bezerro desgarrado após o encontro tardio e amoroso com a mãe, e segurava com as mãos, com as duas mãos a minha estrutura toda de nervos e veias, estendendo os braços até o meu peito, para sentir o furor calmo da fumaça dos meus cigarros adentrando os meus pulmões, sofismando de doenças e pigarros falsos a minha garganta, que só queria disfarçar o prazer das surpresas que ele, de sapatos lustrados vermelho bordô, com as meinhas inglesas, de triângulos negros e brancos, conseguia me dar enquanto eu fumava! Acabado o primeiro cigarro ele apenas me disse: __Acenda outro, por favor!_ como se o tabaco fosse a sua ampulheta, divagando no próprio pau, também tão lindo, braçadas, punhetas! Dando-me ordem doce, da qual eu me permitia apenas sorrir, enquanto acendia outro cigarro, agora um dos mais amargos, importado, de que terras nem saberia dizer! Eu era um miserável, cheio de sorte, que tinha o dinheiro que precisava e amava prestar caridades aos meninos como ele, só não o deixaria fumar! Posto que fosse um menino e isto seria responsabilidade minha, ora veja! fumar não é coisa para um rapaz decidir por impulso ou para impressionar aos outros! Ah isso eu não deixaria, mas poderia continuar a chupar, porque ele gostava e eu não queria postergar o tempo do prazer dele e nem o meu.
Continuou suas doçuras, arrastando os sapatos entre os meus pés desvestidos, nus, enquanto me pedia para que eu fosse até o fim. E entendendo nisso, que ele queria mesmo era da água das minhas veias rijas, ele sentia o pulsar, já devia fazer isso nos elevadores da escola dos salesianos onde estudava, no troca e no corpo santo dos colegas das classes do científico. Ali o detive e parei todo o seu corpo. Afastei como se eu fosse de verdade cruel, eu não me importava, detendo com a força de um estivador o curso e decurso do meu próprio pau e de uma só vez, caminhei dando a ele a visão contornada das minhas nádegas até a porta da cozinha. Do corredor, já chamei pelo seu nome_ e não posso revelá-lo aqui_ ele veio correndo atrás, como se esperasse que eu o fizesse sobre a mesa, e eu sim o faria, se esta fosse vontade também minha. Mas para surpresa dele, abri a geladeira, saquei de uma garrafa de leite novo, puro, recém comprado e disse com toda força: __Bebe! Não é leite que tu queres?_ ele se sentou, cuidadoso entre as cadeiras já descascadas, assim como os papéis de parede da Monalisa no corredor, e me obedeceu bebendo com uma sede absurda todo o conteúdo da garrafa de 3ooml de leite, antagonicamente jorrando no chão de tábuas corridas escuras da cozinha, outro leite que provavelmente não era o mesmo que entrava pela sua boca, e eu sorri! Enquanto encaixando-o entre as pernas, tomando cuidado para não molhar sua pele branca e asseada, eu fiz que do meu pau, jorrasse do meu leite chamado por ele, jatos e jatos de lânguido e viscoso sulco dos pomos brancos sobre os seus sapatos vermelho bordô. E creiam, não sujei com nem uma gota esporrada as meias quadriculadas inglesas dele.

O pornógrafo

2 comentários:

  1. Meu querido! Tão divinamente humano!!!!! Só uma alma generosa consegue tocar outra! E ainda afirmo que vc deve fazer uma coletânia de suas obras!!!! Beijoooooooooooooooooooooooooooooooooooo

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  2. Sensibilidade e sensualidade ditas em pura poesia!!!!! Parabéns, Marcelo tosta

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