quinta-feira, 14 de abril de 2011

Le couloir de Brides toile noire




“Nada te perturbe
Nada te espante
Tudo passa,
Só Deus não muda.
A paciência
Tudo alcança
Quem tem a Deus,
Nada lhe falta.
Só Deus basta.”

Santa Teresa de Ávila

....

No chão da palavra doce, até a amargura parece mais fácil de engolir! E então, quem sabe, tem sido por isso que em dias de lua cheia, luz cheia e alumbrada sobre o meu quarto, eu tenha mesmo é vontade de me segregar ao meu próprio silêncio, buscando em mim nos varais da sacristia, a minha inocência, num tempo em que o cheiro de incenso e de mirra me lembravam apenas a presença doce de Jesus.
Era de uma lamentosa e pestilenta poesia, que o latim das missas rezadas por ele me chegavam. Não, eu não vou falar de nenhum caso repetitivo de incesto ou de moléstia sexual causada por um padre. Não vou, porque não tenho paciência para estas historietas, não vou porque não sou dado a estes escândalos que já baratearam no mercado, desde os tempos mais férteis, no quando era fácil acreditar que verdadeiras promoções trariam lambretas de presente nos pacotes coloridos, de biscoito fino. Nada era fino, tudo é pura gordura, hidrogenada!Tudo era sofisma, tudo era pão com miolo e bico de bisnaga grande! Tudo era grande demais para o meu corpo nunca adestrado, pequenino. Tudo era menino, tudo era eu correndo escondido para ver se as estátuas dos santos também tinham pau como eu tinha, tentando enxergar por debaixo dos panos das santas_ como eu perturbava Nossa Senhora das dores _ sempre querendo saber se os escultores tiveram cuidado de colocar calçolas nas suas obras santas de medo e de arte. Sim, porque me causavam um misto de medo pavoroso e letargia ignorante, ficar prostrado no meio daquela falácia incompreendida, esperando apenas que a fumaça vinda junto com os turíbulos me adentrassem pelas narinas, minhas primeiras drogas, tão boas! Vertiginosas! Me entorpecessem enquanto eu lançasse a cabeça bem atrás do pescoço, como uma porta arregaçando os limites das dobradiças, enquanto a retina se expandia tomando conta do amarelo inteiro do olho, encantado com o ouro do ostensório. E nisto, senhores, somente porque me lembrava com saudade o sol das minhas muitas manhãs no terreiro de casa, porque era droga boa, eu já disse! Porque me causava vertigem o linho grosso da batina desses padres mais moços passando por mim, roçando minhas pernas de meinhas, pouco coloridas! Na hora em que passantes, todos eles, eram noivas salvaguardadas no preto do recolhimento, no asseio e na segurança da espinha, dorsal, quando viravam de bruços de madrugada, para mostrar a bunda à lua e aos gostos-línguas, sabores da boca dos meninos, beijos gregos, na igreja católica apostólica romana.
Eu gostava das romãs que se despedaçavam quando caídas no quintal dos passeios da meia hora da tarde, quando o sol batia o pino de quinze pontos e nós podíamos brincar! E eu, odiava brincar, daquelas brincadeiras ridículas, rolando aquelas bolas ridículas, como idiotas levantando poeira para abençoar a visão bolinada dos padres, seus primeiros tufos de pêlos e testosterona, era com os padres, como menino “bom”, afeito pela desculpa de pseudo febres reumáticas, que eu também bolinava a visão encantada da mistura dos meninos e padres, tudo num balão feito na boca, prestando cuidado para não gemer enquanto olhava e cheirava os sovacos suados dos nossos guardadores, punheteiros de plantão desejando os meninos, assim como eu também os desejava!

Meu Deus, mas que pequeno capeta, era este pornógrafo! Digam todos agora, terão somente esta vez e direito, dados por mim de me então julgarem, para que eu continue a minha narrativa e o meu passar!

E tudo passa rápido, creiam! A lua está enchendo, meu saco está enchendo, minha mão está sozinha, solitária e despencada sobre o chenille pobre de flores, cafona, de rosas grandes bordadas da minha cama e eu estou aqui, teso pela lua cheia! Incomunicável! Intragável e apenas escondido, decidindo se saio à rua a procura de algo que não me cause vômitos no final ou se ligo a rádio vitrola e acredito nas babaquices que Kurt weill decide cantar para que as putas sejam melhores comidas.
Mas insisto em voltar ao dia, em que por puro abuso, decidi apertar de uma só vez, quase num solavanco, o monte sempre estendido da batina do padre mais jovem e mais lindo do meu reformatório! Meti de uma só vez a mão como que se eu quisesse puxar pra saber se existia algo ali, era claro que eu sabia que existia algo ali! Eu não era menino idiota! Tinha livros e mais livros de anatomia guardados na biblioteca da casa do pai, tinha até um baralho de homens fodendo mulheres abertas e sorridentes, estranho! Que era de um parente estranho "__Meu Deus como isso foi parar na sua mão?" _ era o que a mãe sempre dizia sorrindo enquanto eu gargalhava e dizia que não sabia como, “ que tinha aparecido de repente ali! Como mágica!” e eu só ria, ria, ria, gargalhava virando pra trás imitando as posições das putas e dos homens, enquanto tomava pancadas até correr escorregando pelas paredes da casa e chegar ao poleiro das galinhas e lá! Sozinho, tocar com a mesma violência o meu sexo ainda incorfomado, e eu preciso rir quando digo isso, porque eu instintivamente solapava o meu pau de criança que já tinha estrutura, que já tinha a promessa bem talhada de ser, sem conseguir nada, nem uma gota que fosse, resultante da úmida esfrega misturada com o cuspe da minha boca de dentes de leite.
O padre se assustou! Me lançou tão longe que bati com as costas na parede! Mas como tudo em minha vida, dispensa palavras em excesso, por conta do olho nu de litros de sol que tenho, o desgraçado, engraçando sorrisos apenas disse: __ Não é assim que se aperta, tem que se ter cuidado, porque é carne macia. E se não cuidar, tu que ainda não sabes medir a força que tens, podes machucar!__e de surpresa, inoceeente! Pegou da mesma forma no meu pau e disse: __ Viste como dói?... é deste modo violento, que tu gostas de ser tocado?
Eu permaneci em calado, fingindo susto e meu pau subitamente engrossava, eu não era tão menino, era raquítico, mas já tinha doze ou quem sabe treze anos para os que me queiram dar denúncia de pedofilia a esta altura da leitura! Mas permaneci calado enquanto ali, no corredor de Santa Thereza D’Avila ele tentava me confundir. E eu era esperto e já tinha medido tudo, menos o tamanho do meu pau junto do pau dele, para saber como promessa de relicário e benzedura, se o meu pau, quando eu crescesse seria maior do que o daquele padre lindo, miserável, sem nenhuma vocação para o sacerdócio! __Não doeu? Ahm? Responde menino!
E por fim como eu queria mais, e não tinha tempo para aquela bosta de liturgia barata que ele nem mesmo sabia usar, sugeri caminhando para a cela dele, que ele me mostrasse a vista do edifício para a rua. Entrei, antes que ele mesmo tivesse tempo de abrir assustado a porta, retirei os sapatos para não sujar a cama de lençol esticadinho, sem nem flores, nem chenilles, muito mais barato que o meu, dado o “supostíssimo” voto de pobreza da ordem deles; e da janelinha de grades, olhei respiradouro de um pulmão inteiro, aos outros pequeninos que ficavam lá em baixo, andando nas ruas, querendo fazer suas coisas valerem algo em tempo de ganância e de bravura bem “alfaiteada” de covardia. E somente quando me cansei, porque sempre vivi no meu tempo para entender o dos outros, isso era dom desde criança, me virei lentamente para ele e disse: __Mostra para mim como é o teu, porque eu preciso ver como ficará o meu quando eu for gigante!
Ele sorriu e disse: __ Então você vai ser gigante? _ eu nem retruquei, abusado santo e decidido, descontando nas próximas ações de palavras: __Vou ser sim senhor, quer ver?_ e abri os botões do meu calçãozinho de colégio, passo a passo, até que revelei com a mesma doçura e santidade dos corredores das vertigens e das noivas negras que eles eram, a maravilha ainda pouco abençoada do meu sexo rijo, “ una verga mui hermosa”_ o encantado era espanhol!_ grande e promissora para o corpo, o peso e altura que eu tinha. E quando digo, que tudo é instinto, assim como a lua crescendo que sinto, foi também por impulso e todo nascido da natureza, que completei o meu rito: __ O Senhor gostaria de colocar na boca?
Furioso ele responde: __Á boca e não “na” boca, parece que não estuda o português!_ E sem dizer mais nada, porque os senhores agora suporão das idéias da boca ocupada, do degusto, da baba, das esguelhadas da língua rosada e ressentida ainda das hóstias da manhã, eu recebi a minha primeira chupada.

O meu pau está à mão agora e com a lua me invadindo, enevoando e ressurgindo, quem sabe! pela presença de matérias tão mais sutis dele, do padre, que já pode ter morrido um dia, mas quem sabe, vivo, aqui, ao meu lado, me chupando de novo como nunca, na bravura meta-física da “imaginação”.

O pornógrafo

Um comentário: